Universidade pública x privada

Quem me conhece sabe que tenho dupla formação. Minha formação em Letras é por uma universidade pública e em Jornalismo, privada. Então, tentarei mostrar os benefícios e a falta deles em cada uma das opções. Tudo o que está aqui é baseado na minha experiência.

Aqui no Brasil existe um ENORME preconceito com as faculdades ou universidades privadas. Como se o nível de ensino não fosse tão bom quanto na pública. Existe uma diferença sim, mas, definitivamente, não será este o fator diferencial para o mercado de trabalho.

Talvez você não saiba, mas nos Estados Unidos TODAS as universidades são pagas, tantos as públicas quanto as privadas.

Milhares de estudantes tentar ingressar em universidades públicas todos os anos, mas quando não conseguem a aprovação, escolhem instituições privadas. Para quem pode pagar, isso não parece ser um grande problema. Para quem não pode, entretanto, resta a alternativa de programas como o Prouni ou Fies ou ainda a possibilidade de conseguir descontos nas faculdades através de bolsas ( você pode saber mais sobre bolsas de estudo, clicando aqui). O que muitos não sabem é que existem universidades privadas conceituadíssimas no país, com a PUC e o Mackenzie.

No momento da escolha, quais são os fatores que devem ser levados em consideração: Estrutura? Qualidade de ensino? Professores? Grade curricular? Benefícios?

Tem um vídeo meu no CI no Youtube no qual eu conto minhas experiências. Assiste lá:

Mas se você prefere texto, continua aqui!

Estrutura

Normalmente as duas instituições possuem boas estruturas: prédio, sala de aula, biblioteca, área social, restaurante, laboratório, banheiros.

Na privada: A conservação é muito maior. O banheiro costuma estar limpo, assim como as outras áreas. A biblioteca tem mais exemplares dos livros que precisamos, os laboratórios possuem todos os equipamentos, a sala sempre possui ar-condicionado. Estamos pagando, não é?

Na pública: A estrutura era aceitável. Quando o prédio é novo ou recém-reformado, tudo bem. Mas quando não, a manutenção deixa a desejar. O pessoal da limpeza trabalhava como podia, mas era pouca gente para limpar e organizar muitos espaços. Não havia livro para todo mundo, sempre faltava material no laboratório e o ar-condicionado…

Qualidade do ensino

Engraçado é saber que quando a comparação é feita na educação básica, as escolas privadas são classificadas como melhores. Quando o assunto é o ensino superior ou pós-graduação, a balança pende para as públicas. É difícil analisar isso, já que é resultado de um conjunto de fatores.

Na privada: A qualidade de ensino era boa. A grade curricular, que depende do curso e da instituição, no caso da minha deixou a desejar, mas nada que me prejudicasse. Os professores precisavam elaborar um planejamento de aula. Alguns focavam na prática e outros na teoria. A soma dos dois sempre dava um excelente resultado. E no final de cada semestre realizávamos uma avaliação de vários aspectos, incluindo os professores e a grade curricular.

Na pública: A qualidade do ensino era muito boa. Os professores sempre estavam preocupados com nosso nível de aprendizado. Tínhamos estágio obrigatório e isso nos dava noção de como seríamos recebidos no mercado. O conceito no MEC está sempre entre 3 e 4 (o máximo é 5)

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Os professores

Essas são as pessoas que fazem toda diferença no nosso aprendizado. A dedicação e o interesse deles despertava, ou não,  em mim a vontade de aprender mais. Existem as exceções: os não dedicados, os leitores de slides e os que adoram nos ver apresentando um seminário por todo o semestre.

Na privada: Tive bons instrutores e como muitos deles atuavam no mercado, experiências aos montes eram compartilhadas. A maioria dos professores possuíam título de mestre e alguns eram doutores. Mas o título não significa muita coisa quando o assunto é dinâmica de ensino. Nem sempre os doutores eram melhores que os mestres.

Na pública: A estabilidade dos professores nas universidades públicas faz toda a diferença, muito embora existam os contratados, auxiliares, substitutos e muitos outros tipos, a segurança permite que os profissionais se dediquem mais ou se acomodem e tornem-se reprodutores de conteúdo. Eu tive ótimos professores na universidade pública, mas também tive alguns muito ruins, passei uns três semestres estudando o verbo TO BE na disciplina de Língua Inglesa. Legal, não é?

Conclusão? Os professores merecem ser analisados pelo dinamismo e pelo conteúdo, ou pela falta dele. Quanto mais dinâmica a aula, mais interessante e produtiva ela se torna. E isso é um grande estímulo. Mas se o profissional não te agrada, vá além do conteúdo pedido por ele e o surpreenda. Tire o melhor desta situação. A culpa não é somente do professor.

Os benefícios

Intercâmbio, bolsa de iniciação científica, parceria com universidades estrangeiras, ajuda de custo, bolsa de estudos… São só alguns dos benefícios oferecidos por uma universidade.

Na pública: Os benefícios são maiores nas públicas. Não posso nem quero generalizar, mas todos esses que citei na introdução são oferecidos por elas. Não são em todas, mas a maioria oferece. Na que estudei havia bolsa de iniciação científica, na qual você é pago para se aprofundar no estudo de um projeto idealizado por você com a ajuda de um professor-orientador. Há também oportunidades de intercâmbio através de programas como o Ciência Sem Fronteiras, além das parcerias com institutos que oferecem bolsas de estudo fora do país.

Na privada: Não posso generalizar e dizer que as privadas não oferecem benefícios, pois elas fazem parcerias com instituições financeiras ou com outras instituições e proporcionam o intercâmbio estudantil. Muitas oferecem oficinas, cursos de férias e realizam eventos nos quais os estudantes podem mostrar o que aprenderam.

Pontos negativos

Na pública: É muito difícil falar de universidade ou escola pública e não lembrar das GREVES. As federais são as que mais sofrem, mas as estaduais não ficam muito atrás. E quem perde são os alunos que atrasam sua formatura, às vezes por mais de um ano. A falta de investimento também é um grande problema. As universidades ou faculdades não se sustentam sozinhas, elas precisam de recursos e para que eles cheguem é preciso um projeto, a licitação, a aprovação, a liberação…

Na privada: Há, SIM, preconceito com estudantes de universidade ou faculdades privadas.  E, mais uma vez, a generalização não pode ser feita, pois há estudantes nas universidades públicas que não querem nada com a vida. E estudantes das privadas correndo atrás de um futuro melhor.

Já deixei de participar de uma seleção de estágio porque a vaga era EXCLUSIVAMENTE para estudantes de universidade federal. O que eu senti na hora? Vontade de esculhambar o dono da empresa e a mentalidade dele. Mas fiquei quieta e tentei tirar algo bom daquela experiência.

Seis meses depois eu participei de um outra seleção. Eu já era formada em Letras e estava na metade do curso de Jornalismo. No momento das apresentações me vi concorrendo com estudantes da universidade federal, uma garota que tinha pós-graduação na área, outro que viajou para todos os continentes e algumas pessoas cheias de vontade, como eu.

O perfil da vaga era básico: estudantes a partir do 5º período, com domínio da Língua Portuguesa, facilidade de escrita e boa comunicação, além de algumas outras características. Bom, eu era formada em Letras e professora de Português e sempre gostei de escrever.  Fui humilde, disse que seria meu primeiro estágio e queria muito aprender. Fizemos comentários sobre alguns temas atuais e fomos convidados a escrever uma matéria para o site da empresa. Dois dias depois fui surpreendida com a ligação.

E sabe o que descobri quando comecei a estagiar lá? Eu era a ÚNICA estagiária oriunda de universidade privada.  Pena que o senhor preconceituoso lá da outra seleção não está lendo meu post. E desta oportunidade recebi outras propostas, fiz freela para a empresa depois de formada e escrevi um livro.

Conclusão

Dediquem-se e façam a diferença independente da instituição de ensino.

 

(I) Não quero que os estudantes de universidade me critiquem pelo post. Com ele só estou tentando dizer que o mais importante é o que o aluno é quem tem que fazer a diferença, seja estudando mais, se dedicando mais, se capacitando mais. Porque depois que você se formar, restará você, seu diploma e toda a sua bagagem de experiência.

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